Propomos-lhe
com este percurso percorrer os limites da freguesia. Vamos começar
pelo lado esquerdo, de costas para o rio, iniciando a subida da Rua
de Miragaia. Logo à nossa esquerda temos o Convento de Monchique
ou, para sermos mais exactos, o que dele resta Quando se fala deste
Convento há sempre um problema: de Massarelos ou de Miragaia? Se as
traseiras dão para o rio, e, portanto, são de Massarelos, a
entrada é pela freguesia de Miragaia, dai que, talvez pelo habito
de entrar pela fachada, sempre o consideremos desta freguesia.
Mandado
edificar por D. Brites de Vilhena, no século XVI, no local de
antiga sinagoga, hoje é um amontoado de armazéns, e se ainda é
lembrado é por estar ligado ao mais conhecido romance de Camilo
Castelo Branco - Amor de Perdição -, já porque
seria de uma das janelas deste convento, das tais viradas para o
rio, que a moribunda Teresa viu partir o barco que levava para o
degredo o corpo, também já moribundo, do infeliz Simão Botelho,
que viria a morrer a bordo e a ser lançado ao mar, atrás do qual
se precipitaria a sua apaixonada Mariana. Contou-me uma senhora,
moradora no lindo Bairro Inês, que, por vezes, ainda se vê
bruxulear uma lâmpada (de azeite?) junto do nicho onde esta
(estaria) uma imagem da Virgem...
A
seguir passamos a porta de um extinto lugar de grande movimentação
de há uns 70 anos atrás: o do baile de Monchique, muito
frequentado e afreguesado por gente de Miragaia e dos limítrofes.
Do nosso lado esquerdo, um dos mais belos exemplares de vida comunitária
com qualidade - o Bairro Inês. Para nosso gosto, preferimos vê-lo
da varanda das traseiras com ampla vista sobre o rio e Vila
Nova de Gaia. Subimos o que resta da rua de Sobre-o-Douro (nome poético,
não é?) e continuamos a subir, virando à direita, portanto, pela
Rua da Restauração, que começou por se chamar de D. Miguel, e
vamos até à Rua de Jorge Viterbo Ferreira. Do lado direito, nos
terrenos do antigo Quartel de Metralhadoras 3 (ou do CICAP, se
quiserem) ficam as instalações do Coral de Letras da Universidade
do Porto e o T.U.P. - Teatro
Universitário do Porto, o único teatro que existe na freguesia.
Virando
a direita, já na Rua de D. Manuel II (a antiga Rua dos Quartéis)
vamos encontrar as instalações do antigo Quartel, hoje ocupadas
pelos Serviços Sociais do Hospital Geral de Santo António e pelos
Serviços Administrativos da Universidade. Vamos continuar pela Rua
Adolfo Casais Monteiro (a antiga Rua do Pombal), nome que lhe foi
dado para homenagear este ensaísta e poeta, o
"estudantinho", como era conhecido pelas jovens do seu
tempo. só que em nome da verdade ele nunca morou nesta rua. Nasceu
na Rua de Miguel Bombarda e para a Rua do Pombal só dava uma parte
dos terrenos da casa de seus pais. Do lado direito da rua, ainda
podemos admirar o grande portão de ferro da entrada dos jardins do
Museu Nacional de Soares dos Reis.
Prosseguimos,
virando a direita, e percorrendo a Rua de Miguel Bombarda, lembrando
o grande actor Ferreira da Silva. Continuamos até se nos deparar,
do lado direito, a Rua de Diogo Brandão, que vamos percorrer
descendo rumo ao Carregal. Logo á direita depara-se-nos o edifício
do antigo Conservatório de Música do Porto e, a seguir, do mesmo
lado, a Capela de Santo António do Carregal. À esquerda, a porta
de saída (e entrada) dos serviços motorizados e dos cavalos
ainda existentes na G.N.R.
Prosseguindo,
temos o Museu de Medicina Legal, e logo a seguir a Capela do
Instituto de Medicina Legal e o edifício do próprio Instituto, a
que se segue a antiga Faculdade de Medicina, reconstruída sobre o
primitivo edifício da Escola Medico-Cirúrgica.
Do
lado direito, ergue-se o Hospital Geral de Santo António, com
projecto do inglês John Carr, e do lado direito, no centro de um
pequeno jardim, o monumento a Júlio Dinis levantado por subscrição
das mulheres portuenses em 1926. Cruzamos a Rua da Restauração,
ficamos com o Jardim da Cordoaria do lado esquerdo e o Palácio da
Justiça à direita, construído em três anos, de 1958 a 1961, no
local onde existia o Mercado do Peixe, que, desde 1874, aqui se
mantinha.
Descendo
a Rua Dr. Barbosa de Castro (a antiga Rua do Calvário) temos, à
nossa direita (o lado esquerdo pertence à Vitoria) a entrada da
antiga fabrica de guarda-sóis, onde hoje funciona o pólo II da
Cooperativa de Ensino Polivalente Artístico Arvore, e, um pouco
mais abaixo, a casa onde nasceu Almeida Garrett.
No
fundo da rua viramos à esquerda e vamos encontrar, do nosso lado
direito, a Fonte das Taipas. Passamos pela sede do Rancho do Douro
Litoral e ao chegar a Belomonte viramos à direita, a caminho do
antigo Largo da Esperança (hoje de S. João Novo). No lado superior
do largo encontramos um magnifico edifício, o Palacete dos Costa
Lima, onde, desde 1945, se encontrava graciosamente instalado o
Museu de Etnografia e História, hoje encerrado e em vias de
desaparecimento.
Do
lado direito, frente a nós, a pequena capela de Nossa Senhora da
Esperança, ao lado da qual se iniciam as Escadas do Caminho Novo,
que vamos descer com a Muralha a acompanhar-nos ao lado esquerdo e
que nos vai deixar, de novo, à beira-rio.
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